Mamma Mia!

Ontem, 15 de julho, os meios de comunicação de todo o país exibiram aquela que talvez seja a cena mais reveladora da política nacional nos últimos tempos. Foi mais um capítulo na novela da CPI da Petrobras.

A oposição de direita alertou para o perigo de o governo tentar fazer da CPI da Petrobras uma pizza temperada com pré-sal. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu: "Depende. Todos eles são bons pizzaiolos".

A tréplica da oposição veio quase que instantaneamente. O líder tucano Arthur Virgílio disparou: “O forno de pizza não está aqui, mas do outro lado da rua”. O autor do pedido de CPI, Álvaro dias (PSDB-PR), foi bem mais claro. Chamou Lula de o "maior pizzaiolo do país". Já Demóstenes Torres (DEM-GO) lembrou que foi o próprio presidente que enquadrou o PT para que José Sarney não caísse do trono. E concluiu: "O presidente é o principal responsável pelo forno".

Mamma Mia! Estamos, novamente, diante daquela velha e sábia sentença popular: o sujo falando do mal lavado. A verdade é que Brasília inteira é uma grande pizzaria (pelo menos o Congresso e o Palácio do Planalto). Seja na corrupção ou nas políticas que beneficiam empresários e banqueiros, o governo e a oposição de direita são iguais. A cara de um é o focinho do outro, como diz minha querida mãe.

Toda essa "disputa" está mesmo é com os olhos em 2010. Vale tudo para ver quem vai chegar menos queimado no ano que vem. Em todos os âmbitos do poder, pizzas estão sendo preparadas. Entretanto, já está na hora do povo gritar para os pizzaiolos: "Dessa mussarela não comerei!".

E nem de nenhuma outra, claro.

O gênio

O blog do jornalista Ricardo Noblat publicou hoje, 15 de maio, uma intrigante frase dita pelo deputado Fernando Marroni (PT-RS). Em defesa do terceiro mandato do presidente Lula, Marroni declarou: "Não posso me conformar que as leis impeçam que tenha continuidade a liderança desse homem. São poucos os líderes no mundo. De vez em quando surge um gênio. Esse é um gênio brasileiro.".

É difícil, mas vou ter de concordar. Sim, Lula é um gênio. Governa para os empresários e banqueiros, retira direitos dos trabalhadores, não move uma palha contra as demissões em massa, participa de uma invasão imperialista (Haiti) e, ainda assim, mantém uma boa popularidade. Como isso é possível? "Ele é o cara", diria o Obama. Mas o que permite o Lula segurar a insatisfação dos trabalhadores e pobres deste país é sua influência sobre eles e, claro, sua figura de operário. Se fosse um tucano, provavelmente já teria caído.

Entretanto, o que o deputado Marroni não disse é que uma hora a "quarta-feira de cinzas" chega. E aí, cara pálida, veremos o que o gênio fará.

Como assim?

O ex-governador e agora articulista de O Jornal, Ronaldo Lessa (PDT), escreveu em seu artigo de ontem mais algumas críticas contra o governo Téo Vilela. Em seu texto, Lessa afirma que a crise econômica é resultado unicamente dos equívocos do neoliberalismo. Detalhe: um neoliberalismo que ele mesmo praticou quando foi governador. Mas o que me chamou a atenção no artigo de Ronaldo Lessa não foi sua tentativa de diferenciação da administração Vilela. Há uma frase que não pude compreender o significado. "Em artigos publicados na imprensa, temos abordado a atual crise econômica que sacode o mundo como resultante dos equívocos do neoliberalismo - crise que serviu para que o governo tucano abrisse seu pacote de maldades. Levamos essas ponderações aos debatedores, traçando um perfil do modelo político-econômico desde os anos 80 até os dias de hoje. Em seguida, adentramos na cloaca tucana demonstrando que o governo está apoiado em falsidades, como o fato de querer impingir aos servidores públicos estaduais o ônus pela crise (...)", diz Lessa.

Juro que não entendi. O que será que Ronaldo Lessa quis dizer com "adentrar a cloaca tucana"? Alguém, por favor, me ajude.

Isso não é gente não!

Na Veja desta semana, o coronel da reserva da PM paulista, Paes de Lira, do PTC, novo ocupante da vaga de deputado federal deixada por Clodovil Hernandes, respondeu a 7 perguntinhas feitas pelo semanário. Na entrevista, Paes de Lira mostrou todo o seu conservadorismo e afirmou ser um sujeito linha-dura. "Minhas plataformas são o combate ao crime, defesa da polícia, leis mais duras e defesa da vida desde o ventre materno", disse o novo deputado.

Indagado sobre o que achava do casamento gay, o abominável coronel dos trópicos respondeu: "Não apoio isso nem nada que produza a descontinuidade da espécie. Sou pela família de homem com mulher. Família sadia é sociedade sadia".

O deputado Paes de Lira é um verdadeiro viúvo da ditadura militar, um autêntico fóssil vivo. Este coronel ultra-conservador deve transpirar homofobia. Quer dizer, transpirar não. Suar!! Porque macho não transpira, porra! Não é verdade, deputado?

Diante das declarações desse Bicho Papão, minha sábia mãezinha sentenciou sem duvidar: "Meu filho, isso não é gente não! Isso não se cria não!".

Com toda razão, mamãe. Com toda razão.

A hora do troco

Ontem, 27 de março, em discurso na 17ª Feira Internacional da Indústria da Construção, o presidente Luiz Inácio "Nem aí" da Silva disse que, em momentos de crise, não é hora de os trabalhadores fazerem pauta de reivindicação, pedindo aumento de salários. "Nós hoje, mais do que fazer uma pauta de reivindicação, pedindo mais aumento, temos que contribuir para que as empresas vendam mais. Quanto mais elas venderem, mais trabalhadores serão contratados e mais a gente pode reivindicar aumento. Não existe possibilidade na história do mundo de os trabalhadores se beneficiarem em épocas de crise. Não existe. Época de crise é época em que todos perdem.", afirmou Lula.

Acho que o presidente deve imaginar que no lugar de trabalhadores este país possui mesmo é um bando de otários. Lula continua dando constantes demonstrações de que escolheu o lado dos empresários e banqueiros para defender. E a crise vai escancarar ainda mais essa posição do presidente. As empresas que mais venderam e lucraram nos últimos anos foram as primeiras a demitir em massa, a exemplo da Vale e da Embraer. Quando Lula diz que os trabalhadores precisam ajudar os empresários, está dizendo na verdade o seguinte: trabalhadores, paguem a conta da crise.

Está na hora de dar o troco.

O pão que o diabo amassou

Ontem, 24 de março, durante a cerimônia de abertura da 1ª Mostra Nacional de Desenvolvimento Regional, em Salvador, o presidente Luiz Inácio "Preocupado" da Silva falou sobre os efeitos da crise na diminuição dos valores do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). "Sei que vocês (prefeitos) estão comendo o pão que o diabo amassou por causa disso", disse Lula.

Pois é, presidente. Sei de milhões de pessoas que nem o pão estão comendo, que dirá amassado.

Agora, necessidade mesmo quem está vivendo é o prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP). Depois de ter o próprio salário reajustado em 84%, passando a ganhar quase 20 mil reais, Cícero deve andar comendo realmente o pão que o diabo amassou. Realidade duríssima.

Bônus do horror

Em entrevista a Veja desta semana, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, aquele que excomungou todo mundo por causa do aborto da menina estuprada pelo padrasto, revelou, cinicamente, que está com a consciência tranquila. Indagado sobre o que diria ao estuprador se o encontrasse, o obscuro, medieval e machista até as orelhas sacerdote respondeu: "Eu iria procurar convertê-lo. Iria perguntar se reconhece que errou e se está arrependido. Eu não sei onde ele está, se está preso, sei lá. Mas, se tivesse a oportunidade de visitá-lo, diria a ele que pedisse perdão a Deus. Iria ajudá-lo a fazer uma oração pedindo perdão.".

Perfeitamente, seu arcebispo. É exatamente isso que todos os estupradores devem fazer: rezar e pedir perdão a Deus. Esta é a solução que a Igreja Católica propõe. E aí, depois da confissão e do perdão, o sujeito pode começar a pecar outra vez, do zero. Mas o que esperar de uma instituição que afirma ser a máquina de lavar mais importante para as mulheres do que a pílula anticoncepcional?!

Quando a gente pensa que o mundo já esgotou sua cota de atrocidades, vem a Igreja Católica e nos dá um bônus do horror.